Os Meios e os Fins
Marcos Coimbra -
08.08.12
08.08.12
Há os que
desgostam
do PT, dos
petistas e
de tudo que fazem
com tal
intensidade que
com tal
intensidade que
qualquer
explicação é
explicação é
desnecessária.
Apenas têm aversão profunda pelo que o partido representa.
Apenas têm aversão profunda pelo que o partido representa.
Alguns a desenvolveram por preferir outros partidos e outras
ideias. Mas são a minoria.
ideias. Mas são a minoria.
Os mais sinceros anti-petistas são os que somente sentem
ojeriza pelo PT. Veem um petista e ficam arrepiados.Sequer
sabem a razão de tanta implicância.
Detestavam o PT quando era oposição - dizendo que era
intransigente - e o detestam agora que está no governo pela
razão oposta - acham que é tolerante demais.
Odiavam os petistas quando vestiam camiseta e discursavam na
porta das fábricas. Hoje, os abominam porque usam terno e
gravata e a fazem pronunciamentos no Congresso.
Um dos argumentos que invocam para justificar a birra é
capcioso: o mito da “infância dourada” do PT, quando ele teria
sido virginal e puro.
O invocam com o intuito exclusivo de ressaltar que teria perdido
algo que, em seu tempo, não admitiam que tivesse.
O PT abstrato e irreal que criaram é uma figura retórica para
denunciar o PT que existe de fato - que não é nem menos, nem
mais real que os outros partidos que temos no Brasil e no
mundo.
Além desse anti-petismo figadal e baseado em pouco mais que
um atávico conservadorismo, há outro. Que pretende ser mais
sóbrio.
Nestes tempos de julgamento do “mensalão”, é fácil encontrá-
lo.
lo.
Seus expoentes são mais racionais e menos folclóricos. Usam
uma lógica que parece sólida.
uma lógica que parece sólida.
O que mais os caracteriza é dizer que não discutem os fins e sim
os meios do PT.
Que não são anti-petistas por definição, mas que repudiam
aquilo que os líderes petistas fizeram para chegar ao Planalto -
e passaram a fazer depois que o partido lá se instalou.
Ou seja, sua oposição não questionaria o projeto petista, mas
sua tática. Não haveria problema no fato de o PT querer estar - e
estar - no poder. Mas em o partido ter usado meios inaceitáveis
para lá chegar e permanecer.
Parece uma conversa bonita. E nada mais é que isso.
No fundo, esse anti-petismo é igual ao outro. Sua aparente
sofisticação apenas dá nova roupagem aos mesmos
sentimentos.
O que o anti-petismo não perdoa em José Dirceu - e outras
lideranças que estão sendo julgadas - não é ter usado “meios
moralmente errados” para alcançar “fins politicamente
aceitáveis”.
lideranças que estão sendo julgadas - não é ter usado “meios
moralmente errados” para alcançar “fins politicamente
aceitáveis”.
Salvo os mal informados, seus expoentes sabem que o que o ex-
ministro fez é o mesmo que, na essência, fariam seus
adversários se estivessem em seu lugar - sem tirar, nem por.
Quem duvidar, que pesquise quem foi e como atuava Sérgio
Motta, o popular “Serjão”, “trator” nas campanhas e governos
tucanos.
(Com ele, não havia meias palavras: estava em campo para
garantir - seja a que preço fosse -, 20 anos de hegemonia para o
PSDB - e que ninguém viesse a ele com a cantilena da
alternância de poder”. Não foi por falta de seu empenho que
garantir - seja a que preço fosse -, 20 anos de hegemonia para o
PSDB - e que ninguém viesse a ele com a cantilena da
alternância de poder”. Não foi por falta de seu empenho que
o projeto gorou.)
O pecado de José Dirceu é ter tido sucesso no alcance dos fins
a que se propôs - um sucesso, aliás, notável.
Sem sua participação, é pouco provável que tivéssemos o
“lulopetismo” - um dos mais importantes fenômenos políticos
de nossa história, gostem ou não seus adversários. Sem ele, o
Brasil não seria o que é.
Isso é muito mais do que se pode dizer de quase todos os
contemporâneos.
Mas é essa a realidade.
Enquanto José Dirceu vive sua ansiedade, Sérgio Motta é nome
de ponte em Mato Grosso, anfiteatro em Fortaleza, centro
cultural em São Paulo, praça no Rio de Janeiro, edifício em
Brasília, avenida em Teresina, usina hidroelétrica no interior de
São Paulo e rua na longínqua Garrafão do Norte, nos rincões do
Pará.
E de um instituto em sua memória, patrocinado pelo governo
federal, que distribui importante prêmio de arte e tecnologia.
Gente fina é outra coisa.
Do site do Luis Nassif , com dica de Marlene Sena (facebook)
Marcos Coimbra é sociólogo de Belo Horizonte, diretor do
Instituto Vox Populi.
Instituto Vox Populi.

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